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A criança mais linda do mundo

Kristina Pimenova é uma criança russa de nove anos. Seria apenas uma criança russa de nove anos se não fosse considerada a menina mais linda do mundo. Olhos azuis, cabelo longo, rosto angelical: um padrão de beleza que, como conhecemos bem, é supervalorizado pela nossa sociedade.

Mas eu pergunto, como uma criança pode ser mais linda do que as outras? Não me parece justo. No momento em que estipulamos um padrão de como elas devem ser para serem consideradas as mais lindas do mundo, estamos indiretamente dizendo a nossas crianças que elas devem abrir mão da sua autenticidade para se encaixarem em padrões previamente estipulados, dos quais elas não tem nem o direito e nem a capacidade de assimilar e muito menos criticar. Estamos dizendo a elas que, não importa o que elas façam, elas nunca vão ser lindas o suficiente. Estamos afirmando que elas necessitam se inserir no nosso mundo capitalista em que a competitividade é absurdamente apavorante até mesmo para nós, adultos, quem dirá para elas. Estamos jogando fora todos aqueles séculos de luta para que a infância fosse aceita como um período do desenvolvimento – o mais importante de todos – e estamos voltando no tempo, assumindo que crianças são apenas adultos pequenos. Estamos contribuindo para a sexualização da infância.

Não sei se Kristina Pimenova é feliz sendo uma super modelo. Espero que sim. Mas sei que muitas crianças são submetidas a este tipo de trabalho por puro capricho dos pais, os quais são cegos pelo seu próprio narcisismo e não vêem o sofrimento que causam a seus filhos.

Na minha opinião, TODAS as crianças são lindas. Independentemente da sua aparência. São lindas na sua essência, porque são espontâneas, criativas e autênticas.

Cabe a nós, adultos, refletir sobre o legado que queremos deixar às nossas crianças: um legado de hostilidade e competitividade ou um legado de amor ao próximo e igualdade.

Como dica, recomendo o filme Pequena Miss Sunshine!


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